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Três institutos de pesquisa (IBOPE, ACERTAR E DOXA) divulgaram suas primeiras pesquisas registradas no T.R.E sobre a corrida eleitoral no Pará. É evidente que a divulgação de uma pesquisa causa muitas movimentações, especialmente entre militantes partidários, apoiadores, políticos que agitam os bastidores a todo instante, na busca de dados para tomada de decisões ou simplesmente criticar e colocar em descrédito quando os números aferidos lhes são satisfatórios. E nas redes sociais, as torcidas, deste ou daquele candidato, ficam em polvorosas.
É imperioso lembrar que nesse processo existe um ator político fundamental: o governador. Tanto os políticos da oposição, quanto da situação esperam a decisão de Simão Jatene para tomarem suas decisões e formularem as suas estratégias. Essa decisão virá até o dia 7 de abril por força de lei: Data limite para desincompatibilização. Até lá o campo político gira em torno da especulação, dos boatos e disse-me-disse, comum nas vésperas de um processo eleitoral polarizado como esse.
Lembro, agora, do que publiquei em 2014, nesse período que antecedia a eleição daquele ano. Disse naquele momento, que a Doxa havia feito uma pesquisa em novembro de 2013. Nesse levantamento, Simão Jatene estava 10 pontos à frente de Helder Barbalho, quando ambos se enfrentaram pela disputa ao governo do Estado. De novembro até a decisão final de que Jatene, de fato, seria candidato à reeleição, aconteceu um vácuo dada a indecisão política no ninho tucano. Os comentários neste período foram os mais diversos, entre os quais destacamos: “Jatene vai renunciar ao mandato pra disputar fora do cargo por que não concorda com o instituto da reeleição”; “Jatene não será mais candidato”.
Essa indefinição causou estragos tremendos internos ao PSDB e aliados, bem como entre apoiadores históricos ao PSDB. Nesse quadro nervoso, Helder Barbalho e seus aliados ocuparam o vácuo deixado pela indefinição tucana. E seu potencial de intenção de voto cresceu. Helder e seus aliados começaram a jogar sozinhos, sem concorrentes a altura.
Quando as arestas tucanas foram aparadas e Jatene define-se como candidato - o único que poderia enfrentar o avanço de Helder -, os aliados históricos, apoiadores e financiadores de campanha tucana animaram-se, levantaram-se e se prepararam para luta eleitoral.
Naquele momento, o IBOPE publica sua primeira pesquisa estadual, indicando empate técnico entre os dois principais concorrentes - com uma pequena vantagem percentual para o candidato Helder Barbalho.
Olhando o que a Doxa havia detectado em novembro/2013 dissemos que Simão Jatene estava recuperando o espaço perdido devido à sua demorada tomada de posição, àquela altura, em ser ou não ser candidato.
Vivemos, hoje, algo semelhante: aguardando a definição de um dos principais players desse estado: Simão Jatene. Sabendo que ele já não pode mais ser candidato a reeleição, as perguntas da hora são: “Jatene sai para ser candidato ao senado?” ou “Jatene fica até o final no governo?”. Seja qual for a decisão, o quadro político-eleitoral tende a se rearmar, com todos os demais aliados e adversários reprogramando e se ajustando para a campanha eleitoral.
Enquanto isso, IBOPE, Acertar e Doxa divulgam seus números. Como não existem, ainda, os candidatos oficiais, cada instituto testa nomes notórios, isto é, de possíveis candidatos. No sentido de contribuir com as análises feitas, considero as três maiores forças políticas do Estado posicionadas neste processo eleitoral, que são: O PMDB, DEM e o PT.
Primeiramente chama a atenção o crasso desvio que o Ibope fez quando divulgou os números da questão espontânea, dando 5% para Helder Barbalho. O Acertar nessa mesma questão deu 14,9% para Helder e a Doxa 15,5%. Os dois institutos paraenses se aproximaram nos números coletados do público entrevistado. Somente o Ibope destoou completamente.
Outro dado nessa mesma questão diz respeito aos votos flutuantes (Indecisos e brancos e nulos). No Ibope esse percentual foi para 89% de eleitores paraenses que não tem candidato ou que pretendem votar branco ou nulo; No Acertar os votos flutuantes somaram 68%; na Doxa, 59,7%. É evidente que há forte desgaste dos políticos e que, em função disso, há forte tendência de eleitores votarem em branco ou anular o voto. Mas atingir índices estratosféricos como a pesquisa Ibope chegou é de se repensar a metodologia adotada pelo Instituto.
Analisando as intenções de voto de Helder (MDB) dos três institutos de pesquisa, vejamos: Ibope, 36,0%; Acertar, 30,3%; Doxa, 33,4%, comparando com a margem de erro estipulada por cada Instituto (pra mais ou para menos dos resultados encontrados), identificamos o seguinte: no Acertar, que deu margem de erro de 3,5%, Helder pode estar com 38,7% ou 31,7%; No Ibope que deu margem de erro de 3,0%, Helder pode chegar a 39,0% ou 33,0%; na Doxa que deu margem de erro de 2,2%, Helder pode estar com 35,6% ou 31,2%. Verifique que novamente os números do Instituto Acertar e da Doxa Pesquisas se aproximam, enquanto que o Ibope se afasta significativamente.
Quanto ao senador Paulo Rocha (PT), vejamos: Acertar, 8,7%; Ibope, 17,0%; Doxa, 7,8%. No Acertar Paulo Rocha pode estar com 12,2% ou 5,2%; no Ibope, o senador pode estar com 20,0% ou 14,0%; na Doxa o pré-candidato petista pode chegar a 10,0% ou 5,6%. Verifique que os números do Acertar e Doxa se aproximam novamente, enquanto do Ibope repete a distância.
O deputado estadual Márcio Miranda (DEM) tem o seguinte desempenho nos três institutos de pesquisa: Acertar, 8,0%; Ibope, 6,0%; Doxa, 13,8%. No Acertar, Márcio Miranda pode estar com 11,5% ou 4,5%; no Ibope o deputado estadual pode estar com 9,0% ou 3,0%; na Doxa Márcio Miranda pode chegar a 16,0% ou 11,6%. Novamente os números do Ibope destoam dos dois institutos paraenses.
Comparando as três pesquisas realizadas, praticamente no mesmo período de tempo, podemos afirmar com maior segurança, que houve um viés metodológico de aplicação na coleta do Ibope, enquanto que as duas metodologias do Acertar e Doxa mostraram maior probabilidade dos resultados retratarem o atual momento eleitoral.
Após a decisão de Jatene, evidentemente o quadro será outro. Até o momento Márcio Miranda não declarou oficialmente que é candidato ao governo. Ao fazê-la, certamente os ânimos serão outros. Então, os institutos farão novas fotografias da realidade e encontrarão novas imagens alegres ou tristes para as torcidas, mas as equipes de marketing e planejamento dos candidatos, certamente terão muito trabalho a realizar, para consolidar ou correr atrás dos votos que as nossas aferições apresentam ao conjunto da sociedade.
*Dornélio Silva é Mestre em Ciência Política e Diretor do Instituto Doxa Pesquisa.
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