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  • Foto do escritorDornélio Silva (*)

ELEIÇÃO 2018 SEM LULA, QUEM SE BENEFICIA?


Incógnita, reforço ao voto nulo, pulverização, reforça a ideia de um nome novo, instabilidade, dúvida, revolta. Foram palavras e frases extraídas de falas de professores, políticos, militantes, intelectuais, estudantes, sindicalistas que responderam a seguinte questão: “Como vês a corrida eleitoral sem Lula? Quem se fortalece?”

Antes de analisarmos o contexto pós-condenação de Lula é bom lembrar que em recente pesquisa, o Data Folha mapeou o destino dos eleitores de Lula numa eventual impossibilidade dele não disputar as eleições presidenciais de 2018. Verificou-se que 1/3 dos eleitores de Lula votariam em um candidato indicado por ele, 1/3 migraria para a candidatura Bolsonaro e outro terço final se transformaria em eleitores flutuantes, ou seja, votos sem direção definida.

A nossa análise parte dos principais atores políticos e interessados na condenação de Lula e na sua não participação no processo eleitoral. Nesse novo cenário, é grande a probabilidade de Bolsonaro (PSL) perder voto ou se estabilizar onde está. Bolsonaro incorpora o antipetismo e seu grande trunfo é ser o contraponto do petista. Os que votam em Bolsonaro, votam por que do outro lado está o Lula. Agora, sem o Lula, haverá uma perda, sim. Acaba a polarização. O Lula representa, na verdade, o avesso do pensamento do Bolsonaro. Os seus grandes temas da “segurança” e “moralidade” esvaziam-se.

Ciro Gomes (PDT) é um dos principais atores políticos que se beneficia com a saída de Lula da corrida eleitoral. Esta pode ser a grande chance dele, pois concentraria boa parte dos votos da esquerda e alguns de centro, até mesmo por ser anti Bolsonaro, podendo puxar a polarização. No campo da esquerda e centro-esquerda ele seria a melhor opção para o eleitor petista.

Geraldo Alckimin (PSDB) é o primeiro nome do PSDB que se identifica como centro direita, entretanto, tem alta rejeição pela direita. Essa rejeição abre espaço para um segundo nome pelo PSDB. No entanto, nesse primeiro momento, é o nome mais forte que recebe o reflexo dos votos de Lula, melhorando, substancialmente, suas chances nessa corrida. Por outro lado, verificamos que o campo tucano terá, pela primeira vez em muitos anos, que aprender a fazer uma campanha sem o elemento de polarização contra o ex-presidente Lula.

Luciano Huck é outro nome que ganharia vantagem pelo populismo-assistencialista, pela imagem televisiva e por passar imagem de candidato ficha limpa. Ele pode se beneficiar com a saída de Lula ou se a campanha de Alckmin não deslanchar. Mas, o que se pode verificar nos primeiros dados de pesquisa pós-condenação de Lula que o governador paulista ganha musculatura. Outro nome de ator político que aparece em nossa pesquisa é de Roberto Requião, o qual tem a capacidade de fazer uma frente mais ampla, podendo puxar parcela considerável da esquerda e centro esquerda.

Marina Silva pode herdar alguns votos da esquerda, mas sem muita projeção. Entretanto, se for a candidata indicada por Lula, aí passa a polarizar a disputa, junto com Bolsonaro.

Nesse contexto sem Lula candidato, a esquerda tende a se fortalecer. E, por conseguinte, o candidato que Lula apoiar será muito forte na corrida eleitoral.

Nesses primeiros momentos de análises conjunturais da corrida eleitoral sem Lula, aparecem mais indagações do que afirmações: quem será mesmo o candidato desse centro? Quem será o candidato da esquerda? Os votos brancos e nulos tendem a crescer com essa instabilidade política? Ainda há espaço para aventureiros de plantão?

E no Pará, como está a corrida eleitoral com Lula limitado pra fazer campanha? Quem perde e quem ganha com essa nova conjuntura? – Bem, isso é assunto para novos artigos.

*Mestre em Ciência Política e Diretor Presidente da Doxa Pesquisa.


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